quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

“... zelo por vós com zelo de Deus” (2 Co 11.2.)

http://br.youtube.com/watch?v=PUjXNNLym8Q&feature=related


É preciso ver o carinho com que um harpista trata a sua harpa! Ele a dedilha como quem acaricia uma criança a repousar no seu regaço. Sua vida gira em torno dela. Mas, observemos quando ele a afina. Toma-a com firmeza e, num movimento brusco, fere-lhe uma corda; e enquanto ela estremece como num ai, ele se inclina sobre ela atentamente para apanhar o primeiro som que vem. A nota, como ele temia, é desafinada e áspera. Ele vai esticando a corda com torturante cravelha; embora ela pareça pronta a rebentar pela tensão, ele ainda a fere de novo, inclinando-se para ouvi-la, atento como antes; e assim prossegue, até que lhe vemos um sorriso no rosto, quando o primeiro som limpo e perfeito se faz ouvir.
Pode ser que Deus esteja lidando assim conosco. Ele nos ama muito mais do que um harpista ama sua harpa, mas encontra em nós um conjunto de cordas desafinadas. Por meio da angústia, ele vai ajustando as cordas do nosso coração, ele se inclina sobre nós com ternura, ferindo a corda e escutando; e ouvindo apenas uma queixa áspera fere de novo, enquanto seu próprio coração sofre por nós, esperando ansiosamente por aquela melodia: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” – que é doce aos seus ouvidos, como o canto dos anjos. E não cessará de ferir a corda, até que nossa alma, disciplinada pela aflição, se harmonize com harmonias do seu próprio ser.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quando eu penso na Bahia

E pra Bahia terra onde nasci não ficar com ciúmes aí vai uma linda canção
do mineiro Ary Barroso e que Caetano interpreta tão bem no seu disco "Circuladô":

Quando eu penso na Bahia
Nem sei que dor que me dá
Oi, me dá, me dá me dá Ioiô
Me dá, me dá me dá, Iaiá
Se eu pudesse, qualquer dia
Eu ia de novo pra lá
Ora, não vá não vá, não vá, ajá
Eu vou, eu vou, se vou, Ioiô

Eu deixei lá na Bahia
Um amor tão bom, tão bom, Ioiô
Meu Deus, que amor!
E desse amor só quem sabia
Era a Virgem Maria
Nasceu, cresceu, viveu e lá ficou...

Mas, quem sabe se esse amor
Que ficou lá na Bahia, ô
Já se acabou?
E se assim for, eu sei de alguém
Que lhe quer muito bem

Quem é?
Sou eu
Eu quem?
O seu Ioiô

Sampa


No último dia 25 deste mês de Verão, a cidade de São Paulo comemorou 455 anos, como todos os anos, não posso deixar de homenagear a cidade que me acolheu como
nascido nela. E ninguém melhor do que um Baiano como eu pra declarar este amor por São Paulo:

Sampa
Composição: Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a ipiranga e a avenida são joão

É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas

Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim rita lee, a tua mais completa tradução

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a ipiranga e a avenida são joão

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi

De mau gosto, mau gosto
É que narciso acha feio o que não é espelho

E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço

E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende de pressa a chamar-te de realidade

Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas

Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas

Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de zumbi

E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa.


sábado, 17 de janeiro de 2009

Os melhores
Um pouco dessas duas feras Caetaetano e Milton Nasciemento
Noel Américo, óleo sobre tela


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa