domingo, 24 de fevereiro de 2008

Tapa na cara


Domingo de chuva!!
eu trabalhando...
Na hora do almoço fomos ao Macdonalds,
enquanto caminhava com um daqueles guarda-chuva enorme,
passei por duas crianças moradoras de rua, uma delas gritou;
- Moço anda pela ponta da calçada pra não molhar quem mora na rua!!!
"..."

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O meu guri

Erick Santos, nanquim sobre papel, 2007

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aíOlha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guriE ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava láOlha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri

Chico Buarque
1981

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

FOTOS BY ericksantosdjesus

Soneto do Só

Depois foi só. O amor era mais nada
sentiu-se pobre e triste como Jó
Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
espantado, parou. Depois foi só.

Depois veio a poesia ensimesmada
Em espelhos. Sofreu de fazer dó
Viu a face de Cristo ensanguentada
Da sua, imagem - e orou. Depois foi só.

Depois veio o verão e veio o medo
Desceu de seu castelo até o rochedo
Sobre a noite e do mar lhe veio a voz.

A anunciar os anjos sanguinários...
Depois cerrou os olhos solitários
E só então foi totalmente a sós.


Vinicius de Moraes
Rio, 1946

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008


Tempo

Hoje em dia a cidades não se orgulham de
ter, um teatro, uma orquestra, não
hoje em dia as cidades se orgulham de ter um DRIVE THRU.
Então o cara pega o carro, entra na "lanchonete" fala com a máquina,
dirige mais um pouco e pega um saco de comida, um saco de bebida,
sai comendo, dirigindo e falando ao celular.
Isso tudo pra ganhar tempo, tempo pra que?

Humildade - Cora Coralina


Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Santo, Pai Tu És Santo


Santo, pai tu és santo

Mesmo que a escuridão venha me envolver

Pai, tu és soberano

Mesmo que a confusão me impeça de ver

Senhor eu não mereço o teu amor

Quando não crendo impeço o teu tocar

Desejo ser um reflexo claro e puro

Do teu amooooooooooooor ...

Venho então ...

Entro em teus átrios e aos seus pés me coloco

Tu és meu salvador e pertenço a ti

Tudo o que se passou na minha vida senhor

Pertence a ti (2x)

Pois só tu és santo

Tu és santo, tu és santo, ...

Venho então ...

Entro em teus átrios e aos seus pés me coloco

Tu és meu salvador e em ti eu confio

Tudo o que se passou na minha vida senhor

Pertence a ti (4x)

Pois só tu és santo

Santo, Pai Tu És Santo
Clamor pelas Nações
Composição: Rita Springer

Reconvexo - Caetano Veloso

casa, centro de São Paulo


Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco deouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mas nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo.
Interpretçaõ de Maria Bethânia
Reconvexo é uma canção de Maria Bethânia composta pelo irmão Caetano Veloso.
Apesar de não ser tão famosa, a letra da canção explora as muitas faces da
Bahia, assim como a cultura brasileira. Esta música já foi gravada nos discos Memória da pele e Maria Bethânia ao vivo e no DVD Tempo, tempo, tempo, tempo, de 1989, 1995 e 2005, respectivamente.
Obtido em "
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reconvexo"

Antes que minhas memórias se vão...

Noel Américo, óleo sobre tela 2008


Minha memória mostra cenas enrriquecedoras,

dos tempos que morava na Bahia.

As tias de meu pai fortes negras,

como a maioria da população bahaina;

lembro de uma casa grande com um quintal extenso,

elas eram doceiras, grandes tachos coziam doces.

O doce aroma invadia minhas narinas.

O doce de batata era o meu preferido.

Além da culinária, aquela casa abrigava os sambas,

reunia-mos em roda, meus olhos brilhavam, as palmas se misturavam com o doce aroma dos

tachos .

A casa daquelas tias quardava grandes tesouros...

No Natal abrigava o maior presépio da cidade na "inauguração" até o padre da igreja matriz comparecia.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Wave


Vou te contar meus olhos já não podem ver

Coisas que só o coração pode entender

Fundamental é mesmo o amor é impossível ser feliz sozinho

O resto é mar, é tudo que não sei contar

São coisas lindas que eu tenho pra te dar

Vem de mansinho à brisa e me diz é impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade

Da segunda o cais e a eternidade,

Agora eu já sei,

Da onda que se ergueu no mar

E das estrelas que esquecemos de contar

O amor se deixa surpreender

Enquanto a noite vem nos envolver

Agora eu já sei

Tom Jobim