Sempre que vou ao cinema lembro do conselho de Duchamp, com referencia a arte, que diz "é preciso atravessar o espelho da retina", o cinema como a sétima arte requer de nós mais do que o "ver", seja numa fábula ou uma história real necessitamos nos despir de todo preconceito e tomarmos posse daquilo que vemos, o que assistimos fez ou fará parte de nossa história.
O simples fato de sentarmos de frente da grande tela seja pra rirmos e esquecermos das coisas que nos entristece, seja pra namorar, discerne este espaço como o lugar dos sonhos dos momentos bons, das lágrimas derramadas de emoção do brilho da tela refletido no olho de quem esta do lado, vemos pela grande janela desta arte tão antiga e tão nova personagens com quem nos identificamos, amigos, colegas de trabalho enfim alguém que em algum momento nos marcou positiva o negativamente.
E nesta semana as cortinas vermelhas se abriram no Cine Bombril em São Paulo para pré estreia de mais um grande filme brasileiro, "ERA UMA VEZ...", do mesmo diretor de Dois filhos de Francisco, Breno Silveira. O filme mostra o amor entre pessoas rotulados por nós como o pobre e a moça rica, (é, eu sei ja conhecemos a história...) o que ninguém conhece é a fotografia do filme que em cada enquadramento nos impressiona e arranca suspiros e lágrimas, é a pureza de Dé, rapaz do morro que acredita num amor além de classe social, dono de uma sensibilidade surpreendente, um trabalhador que luta por seus ideias, gente do morro, que impressiona Nina moça rica de Ipanema, triste com a hipocresia do pai que faz festas para conseguir clientes.
O Ator Thiago Martins, também morador de favela se sentiu "vingado" em fazer uma pessoa que não deixa se influenciar pela violência no morro, por fazer um romance que quebra barreiras destrói preconceitos e constrói uma ponte entre as pessoas que tanto se deixam enganar pelo dinheiro e estatus. O filme nos desafia a olhar pro lado e reparamos em quem estar em nossa volta.
Um lindo conto de amor, Shakespeare ficaria impressionado que esta fábula!
"O fato da gente morar no morro e as pessoas morarem em Ipanema, não nos faz diferente de ninguém"
Thiago Martins
"Eu queria um filme que tudo dava errado na vida do cara e o cara insistia em ser bom"
Breno Silveira
Um comentário:
Belíssimo! O filme e o texto!!
Postar um comentário