segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

10 Anos - Série Metrô Sumaré


"Não queremos enclausurar as nossas obras em museus, onde só os que dispõem de tempo podem ir vê-las, e não, seguramente, os trabalhadores. Se o povo não consegue visitar museus, faremos as exposições nas ruas, nos lugares de encontro dos operários. Pintaremos os muros da ruas, as paredes dos edifícios públicos, dos sindicatos de todos os cantos onde se reúne gente que trabalha" Siqueiros, 1921.


Num certo dia Flemming convida transeuntes da Avenida Paulista. para uma seção fotográfica, pessoas sem qualquer preparação ou glamour, retiradas da opacidade da grande metrópole, estava instaurado um projeto imbriónário, que levaria anos para ser constituído.


Os rostos de diferentes feições foram impressos sobre a placa de vidro que depois recebe uma película literária, Flemming escolheu um poema para cada personagem, todos de autores diferentes, diferentes momentos da poesia Brasileira.

A Condição humana é colocada em discussão, enfatizando a valorização da pessoa anônima, são onze mulheres e onze homens, prontos para serem decodificados, descobertos, para isso é preciso empenho do espectador, que encontra rostos e suas etnias cobertos por poesias com cortes silábicos não usuais, por alguns momentos saímos de si, e embarcamos numa viagem distinta a um mundo poético e imaginário, toda a multidão parece desaparecer estamos numa troca de informações espectador e obra de arte.



"Como um presente ou uma benção, os textos dos poemas são
colocados sobre as imagens maculadas pelos dias de trabalho e de
existências, carimbando-os com nova vida. Brincando com a fluidez
das letras, todas truncadas e fragmentadas sobre os rostos, e com
cores, todas vibrantes e diversas, o artista ainda soma uma dose de
humor a cada uma das pessoas humanas ali retratadas". Kátia Canton, 2002.

A cada viagem, a cada olhar os vinte retratos enfileirados, na estação Sumaré do metrô de São Paulo, nos dizem uma coisa nova, Alex Flemming homenageia o ser humano, anônimo, o trabalhador, sua arte denuncia e aponta a importância de valorizar o ser.


"Eu quero um diálogo com a pessoa, um diálogo com a obra
de arte. e eu pondo uma imagem de um homem ou de uma
mulher anônima com uma poesia escrita de uma maneira
diferente eu forço o espectador a tentar decifrar tanto o outro
quanto apoesia, não digo a alma da outra pessoa, mas a idéia
de você tentar decifrar a outra pessoa, todos nós temos poesias" Alex Flemming., 2007.

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