segunda-feira, 9 de março de 2009

Que sede!


Subindo as escadas do metrô, três meninas de rua do meu lado.
Eu com uma garrafa de água na mão.
- Que sede! - diz uma das crianças. Ofereço minha água elas dividem entre si.
- Devolve pro moço!
- Ele não vai querer mais, agente bebeu.
A criança afirmava e confirmava o nojo que sentimos das pessoas que ajudamos a excluir.
Ela tinha certeza que eu não queria mais a água, e eu tinha certeza que tinha me transformado num ser humano frio e egoísta, num daqueles caras fascinados pela cidade pelo barulho, pela correria e que acha (achava) que a miséria faz parte deste cenário triste.
Naquele momento o nojo não era mais da água, sim de mim que coopero para a miséria, que não contribuo, não com dinheiro nem talvez com alimento, mas com uma palavra um abraço.

Um comentário:

Lais Santos disse...

Realmente não percebemos o tamanho da nossa influência neste mundo, qntas vezes estigmatizamos as pessoas, criando padrões de comportamento como este, destas meninas...
Mto boa a reflexão amor...
Beijos...