sábado, 28 de abril de 2012

Respeito muito minhas lágrimas
 Mas ainda mais minha risada


 Segue a "movida Madrileña"
 Também te mata Barcelona
 Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
 Picassos movem-se por Londres
 Bahia, onipresentemente
 Rio e belíssimo horizonte
 Bahia, onipresentemente
 Rio e belíssimo horiz...


Sou tímido e espalhafatoso
 Torre traçada por Gaudi
 São Paulo é como o mundo todo
 No mundo, um grande amor perdi

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Geração Pânico


Além de lecionar, tenho muitos amigos professores. Sempre ouço muitas coisas sobre a comunidade escolar. E ultimamente tenho pensado que vivemos a geração Pânico!
É pânico na TV, pânico nas ruas e pânico nas escolas.
A brincadeira barata e vexatória é o que motiva os jovens, é pequena e sem fundamento.
É o preconceito travestido de "diversão".
A falta de conhecimento camuflada com uma roupa de sorriso. É nojento...
Quem disse que as informações despejadas na rede como lavagem aos porcos, é conhecimento?
Quem disse que tecnologia iria nos fazer melhor?
Os dias já não se diferem, tudo é igual e nada pode passar despercebido, sós nós de nós mesmos...
E diante disso tudo cabe ao professor criar novos métodos de ensino, talvez escrever na lousa "para nossa alegria" teremos aula (o que seria considerado uma mentira) se não for assim, seu plano de aula é obsoleto.
Até quando esses "virais" vão comandar o pensamento de uma sociedade? Muitos dizem não saber.
Idiotices como "não sei quem está no Canadá", chamam mais atenção e ocupam nossas páginas, melhor do que famílias sendo despejados de suas casas, seres-humanos sendo tratados como baratas na Cracolândia e um país sendo devastado pelos corruptos, que se aproveitam dessa juventude alienada da geração pânico.
Até quando?
Atrevo-me a tentar adivinhar: Até percebermos que estamos rindo de nós mesmos, da nossa burrice, rindo da nossa pobreza e do que estamos nos transformando...

sábado, 14 de abril de 2012


"Basta atentar para os lírios do campo e pardais para perceber que as ambições devem escapar à mesquinhez de passar a vida administrando o dia-a-dia"
Prece
 Fernando Pessoa

SENHOR, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu. Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está – (o teu templo)  – eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. [...]

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.

[Prece - no livro O EU PROFUNDO - Obras em Prosa - em um volume - Editora Nova Aguilar, 2da Edição - 1976, página 33]

do blog de Ricardo Gondim

Calder e sua arte em que o vento é principal motivação

Noite de estrelas

Arde na terra a solidão da lua
 Iluminando meu olhar perdido
 Entre campinas, abismos, chapadas...
 Meus olhos queimam a última lembrança
 Como fogueira em noite de estrelas

Me deito só, com vista para o mundo
 Calando fundo meus sonhos, minhas queixas,
 Mas alço vôo em busca de teus passos
 Piso descalço na terra do teu corpo
 Suave passo, suave gosto, cheiro de mato
 Meu braço lasso, eu lanço em segredo.

Vem ser meu canto, meu verso, meu soneto
 Vem ser poema no árido deserto
 Serei oásis, silêncio, festejo
 Serei sertão nas horas de aconchego...

Maria Bethania

Quando o Amor vacila

Eu sei que atrás deste
Universo de aparências
Das diferenças todas
A esperança é preservada
Nas xícaras sujas de ontem
O café de cada manhã é servido
Mas existe uma palavra
Que eu não suporto ouvir
E dela não me conformo
Eu acredito em tudo,
Mas eu quero você agora
Eu te amo pelas tuas faltas,
Pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes
Pelas tuas loucuras todas, minha vida
Eu amo as tuas mãos
Mesmo que por causa delas
Eu não saiba o que fazer das minhas
Amo teu jogo triste
As tuas roupas sujas é aqui
Em casa que eu lavo
Eu amo a tua alegria
Mesmo e fora de si
Eu te amo pela tua essência
Até pelo que você podia ter sido
Se a maré das circunstâncias
Não tivesse te banhado nas águas do equívoco
Eu te amo nas horas infernais
E na vida sem tempo quando sozinha
Eu bordo mais uma toalha de fim de semana
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
E pelos teus sonhos inúteis
Amo teu sistema de vida e morte
Eu te amo pelo que se repete
E que nunca é igual
Eu te amo pelas tuas entradas,
Saídas e bandeiras
Eu te amo desde os teus pés
Até o que te escapa
Eu te amo de alma para alma
E mais que as palavras
Ainda que seja através delas
Que eu me defenda quando digo que te amo
Mais que o silêncio dos momentos
Difíceis quando o próprio amor vacila

Extraído do Disco Maricotinha ao Vivo - 2002
de Maria Bethânia


Breve nota sobre o amor
 Ricardo Gondim

Amor é substantivo. Amar é verbo. Substantivos abstratos são o que a própria definição aponta: inconsistentes, vagos, voláteis. Amor é sentimento ansioso por vertebrar-se. Verbos são todos concretos. O amor, se não virar ação, permanece verbete, fria definição de algum dicionário. Talvez palavra frívola dos folhetins baratos.  Amor, para ser verdadeiro, precisa desdobrar-se em compromisso – e adquirir tato.

O cotidiano, a rotina, a mesmice,  conspiram contra o amor gerado por sentimentos momentâneos. Emoções efêmeras não sobrevivem à tritura da repetição. O dia a dia, porém, solidifica o amar compromissado. A cada instante, momentos delicados do viver se misturam aos hábitos. Só com o tempo a declaração “eu te amo” ganha significado.

Amar aceita a imperfeição – não só a tolera. Os apaixonados são todos iludidos. Os amantes atravessam o largo canal que separa as idealizações das pessoas verdadeiras. No amar, o outro é celebrado com menos distorção. Quando se ama, perdoar perde a força de controle – ambos se sabem carentes de compreensão.

 
Amar é descobrir, de mãos dadas, a beleza de viver. A dor, descobrimos sozinhos. Alegria precisa de companhia. Alguns momentos só valem quando partilhados. Não tem graça fazer churrasco no quintal sem riso e sem conversa. Ou beber o melhor vinho sem amigo para brindar. Ou contemplar uma linda paisagem sem poder comentar.  Ou repartir a alegria de ver uma criança sorrindo.

Soli Deo Gloria

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Festa - Maria Bethania

Sol vermelho é bonito de se ver
Lua nova no alto que beleza
Céu de azul bem limpinho é natureza
Em visão que tem muito de prazer
Mas o lindo pra mim é céu cinzento
Com clarão entoando seu refrão
Prenuncio que vem trazendo alento
Das chegadas das chuvas no sertão
Ver a terra rachada amolecendo
A terra antes pobre enriquecendo
O milho pro céu apontando
O feijão pelo chão enramando
E depois pela safra que alegria
Ver o povo todinho num vulcão
A negrada caindo na folia
Esquecendo das mágoas sem lundu
Belo é o Recife pegando fogo
Na pisada do maracatu

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.
Ricardo Gondim