E esses dias uma amiga comentou a minha fixação pelo Céu.
Então percebi meu deslumbre pelo mais alto lugar, vasto ou visto por uma pequena janela, cinzento ou azul como reflexo do mar. Lembrei de onde vem essa paixão pelo céu: Quando era pequeno meu pai, sempre me carregava nos ombros e como qualquer menino nos braços do pai eu me sentia seguro e protegido e não me preocupava em olhar pra frente, curvava meu corpo, aproveitava para mirar o céu da Bahia, e via como as nuvens me acompanhavam, como os pássaros eram livres (diferente dos que viviam presos nas gaiolas lá de casa) como o céu era azul e limpo, como tudo era tão grande diante da minha pequinês.
O céu me ligava com outros lugares, curioso eu queria saber como era lá longe... Se a estrelas brilhavam com a mesma intensidade...
E uma vez, depois de grande, em Lisboa na casa de um amigo, como se soubesse da minha fixação pelo céu, António bateu na porta do meu quarto e me acordou de madrugada para que eu pudesse ver como as estrelas eram diferentes, tão longe do meu Brasil, sobre o Tejo elas pareciam ter cinco pontas, como as que desenhávamos quando criança, aquilo era tão belo e eu outra vez admirava o céu, como se olhasse para o primeiro amor. Depois disso entendi o "Céu de Lisboa" de Wim Wenders e para mim ver o céu transformou-se, no ato de olhar uma pintura, cada vez que contemplamos, vemos algo novo, uma pipa colorida, um avião que desenha no azul em uma manhã de de comemoração da independência, nos diversos volumes, formatos e objetos que a nuvens podem se transformar quando vistas pelo olho da criatividade.
Tive a oportunidade de ver o céu em muitos lugares, o Céu amarelo de um entardecer no Sul da Argentina, o Céu sob a cordilheira no Chile, visto de dentro de um pátio de uma castelo na Itália, o Céu cinza escondido por prédios da caótica e apaixonante São Paulo, da larga "rambla" no Uruguai, o céu azul e silencioso da Paraíba, esse que demora para escurecer do verão espanhol, todos registrados pela minha câmera, mas o que eu não fotografei e que não me esqueço é o céu que olhava, enquanto estava nos ombros do meu pai... o céu de onde vim e para onde vou...
O Céu de Lisboa, Filme de Wim Wenders - Trailer
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