terça-feira, 27 de agosto de 2013

As Tentações de Santo Antão


Da série de Arte que que vi por aí: Os trilhos brilhavam com o reflexo do sol que iluminava a terra lusitana. O bonde era o FIGUEIRA 15, lembro bem! "Peguei" nos arredores do convento dos Jerônimos e desci de fronte a escadaria, em uma rua paralela ao museu. Caminhei pelas salas do Museu Nacional de Arte Antiga, tudo era incrível e novo, era minha primeira viagem longe de terras brasileiras. De repente me deparo com algo parecido com um grande altar, era o tríptico "As Tentações de Santo Antão c.1550" de Bosch. Me era familiar já que o Masp guarda em sua coleção uma obra de Bosch com o mesmo tema, possivelmente um estudo para o painel central do tríptico de Portugal. 
Hieronymus Bosch, talvez o maior dos pintores medievais, tinha uma visão pessimista e moralista do mundo e do ser humano, pintava as tentações, que assolavam a sociedade da época, com representação de demônios, que faziam ataques físicos e mentais. Personagem principal da pintura, Santo Antônio  renuncia aos bens materiais para viver no deserto, em pura contemplação, tornando-se um poderoso símbolo de renúncia ao mundo e ao pecado. 


                          
                                               
                                                                                            Painel Esquerdo                                                                                        


No painel esquerdo, chamado "ascensão e queda de Santo Antão", na parte superior vemos a imagem do Santo sendo levado pelos céus por demônios. Num segundo momento Santo Antão é amparado por dois religiosos, vestido de vermelho escuro. Mais à frente vemos um grupo de demônios, em trajes de religiosos, que caminham para uma construção cuja entrada é feita com o corpo de um homem ajoelhado, simbolizando um prostíbulo.

                                                                       Painel esquerdo

Já no terceiro painel Conhecido como "a meditação de Santo Antão", vemos uma mulher banhando-se nua, junto a um tronco de árvore coberto de um manto vermelho, tentando aliciar o Santo. Este desvia o olhar para a esquerda, onde depara com um grupo de estranhos seres que o tentam aliciar com comida e bebida. Em segundo plano, uma cena de batalha e uma figura com uma espada que enfrenta um dos monstros.

                                                                               Painel central

    No Painel central, único espaço do tríptico que não é invadido por demônios, vemos no centro, no interior do templo com paredes  decoradas com imagens alusivas ao Antigo Testamento, junto a um altar a figura de Cristo que faz um gesto de bênção, repetido pelo próprio Santo que olha na direção do espectador.
 As Tentações de Santo Antão trazem-nos, a par da loucura e do pecado, a visão de Cristo e do Santo firme na sua fé. Conhecido por suas narrativas fantásticas, talvez a gênese do surrealismo de Dalí, Bosch provia de competência técnica, em particular no uso de sucessivas camadas translucidas de tinta óleo, que davam as suas figuras fantásticas forte impressão de realidade.

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