domingo, 31 de agosto de 2008

Na rua do sabão


Cai cai balão
Cai cai balão
Na Rua do Sabão!

O que custou arranjar aquêle balãozinho de papel!
Quem fêz foi o filho da lavadeira.
Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito.
Comprou o papel de sêda, cortou-o com amor, compôs os gomos oblongos...
Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.

Ei-lo agora que sobe - pequena coisa tocante na escuridão do céu.
Levou tempo para criar fôlego.
Bambeava, tremia todo e mudava de côr.
A molecada da Rua do Sabão
Gritava com maldade:
Cai cai balão!

Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das mãos
que o tenteavam.
E foi subindo...
para longe...
serenamente...

Como se o enchesse o soprinho tísico do José.
Cai cai balão!
A molecada salteou-o com atiradeiras
assobios
apupos
pedradas.

Cai cai balão!

Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas posturas municipais.

Ele foi subindo...
muito serenamente...
para muito longe...

Não caiu na Rua do Sabão.
Caiu muito longe...
Caiu no mar - nas águas puras do mar alto

Manuel Bandeira




domingo, 10 de agosto de 2008




A maquinista avisa que chegamos a Estação Clínicas do Metrô.

As portas se abrem; entra um bem humorado senhor de traços orientais.

Ele senta-se ao lado de uma moça e tira do bolso da jaqueta um bloco de papéis.

Separa uma folha e começa a dobra-la de maneira rápida, com uma alegria contida, seus olhos "puxados" brilham ao terminar de fazer um lindo pássaro de origami, que ele entrega a moça de presente.

Esta cena poderia ser um simples ato de bondade, mas foi mais que isso a moça que recebeu o pássaro de origami, não tinha os dedos. Ela sorria como se ganhasse um prêmio...








domingo, 3 de agosto de 2008




"Quando gravo, estou fazendo alguma coisa que todos deveriam fazer, ou deveria poder fazer. Por que a arte é um pedaço de liberdade, uma forma de enriquecimento das pessoas. Na verdade, ninguém pode prescindir da arte. Ela é um momento em que nos ligamos com tudo. Com a arte, estabelecemos uma ligação universal com ritmo geral das coisas".
Arthur Luiz Piza, 1981.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008



A música constitui-se basicamente de uma sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. Em qualquer ocasião ela esta presenta como algo que acalenta o nosso ser, contribuindo para um momento triste de melancolia e dor seguindo uma sinfonia rasgada, sensitiva e
amarga ou em momentos de grande alegria acompanhada notas fortes e batuques; e claro os apaixonados a usa para lembrar de quem ama, para lembrar o primeiro encontro. Como toda manifestação humana a música é Arte, que toca e comove, induzindo o ouvinte a mexer-se balançar o pé, assobiar... Todos os povos entram em sintonia quando se fala de música.
A quem diga "quem canta seus males espanta" eu seria mais ousado e diria quem canta levita, se doa a uma arte tão bela e aproxima-se do Pai.
Deus na sua infinita criatividade não poderia deixar de admirar esta arte tão bela e cheia de contágio, a música é uma forma de adoração, o louvor agrada o coração do Senhor.
"Louvai ao Senhor com harpa, cantai-lhe louvores com saltério de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo." Salmos 33:1-3





*fotos exposição Bossa Nova na Oca, até 7 de Setembro, Terça Gratuito.