sábado, 24 de novembro de 2012


Tinha cabelos negros e compridos, olhos verdes e barba grande a roupa escura e suja e os pés encardidos e descalços.
Ele vinha em nossa direção, com olhar perdido como se buscasse algo, lhe oferecemos um café, aceitou.
Buscou um lugar no chão e se sentou, lhe demos um bocadillo, e ele o desembrulhava como se abrisse um tesouro, sério, "dava" mordidas grandes e engolia
mantando uma fome que parecia ser de muito tempo, fazíamos perguntas banais, nos apresentamos e ele nos contestava de maneira forte e curta.
Bebeu todo o café, lhe demos um suco, croissant e uma banana.
Perguntamos onde estavam seus sapatos, ele respondeu que haviam roubado.
Fazia muito frio e uma companheira do grupo perguntou quanto ele calçava; 41, era tomando daqueles pés que perambulavam por todas cidade e que eu via todas as vezes que passava pela rua do centro de Madrid, onde ele sempre estava curvado, com o rosto no chão, pedindo dinheiro.
A companheira, decidiu ir comprar sapatos para o homem que continuava comendo. Nosso diálogo era lento e de poucas palavras, os cabelos cobriam metade do seu rosto ainda jovem e com marcas de alguém que sorrio pouco na vida...
Uma mulher se aproximou, nos perguntou se passava algo, respondemos que não, que estava tudo bem, ela nos deixou um 1 euro.
Aquela mulher como eu e como muitos outros, nunca havia percebido a existência daquele rapaz no seu caminho, mas ao vê-lo, rodeado por gente limpa e de cara boa, ficou curiosa. Nos viu e depois o viu.
A companheira voltou depois de alguns minutos com um sapato novinho e meias, o jovem rapaz abriu um sorriso, que tenho certeza foi o maior ato de gratidão que ja presenciei, e rapidamente como uma criança que ganha um brinquedo calçou as meias e os sapatos e nós perguntávamos se estava confortável, se estava bem e ele respondia que sim que estava perfeito e repetia: Muchas Gracias, Muchas gracias!

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