Uma casa no meio do campo com uma vista para as
montanhas, que se misturava com imagens feitas pelo pintor que ali vivia com sua
mulher, restauradora.
Na sala haviam estantes cheias de livros e cds,
nas paredes pinturas e fotografias. A mesa era grande, mas éramos muitos e
ficamos bem próximos. Montamos a mesa juntos, havia louça bonita, com história
interessante de monges que usavam para tomar vinho (Eram como cuias e havia um
desenho de um diabinho, então o monge dizia ao outro: Enche de vinho até afogar
o diabinho! Mas do lado oposto do diabinho estava escrito Cristo e o monge
continuava: Tenho que beber tudo, até aparecer o nome de Cristo! rs).
O cardápio tipicamente espanhol era acompanhado
por vinhos: Tinto, rosé e branco (com rótulo pintado pelo artista dono da casa)
ótimos por sinal.
Sorrimos, falamos de arte, política, música
(claro que ouvimos música brasileira) e de como é bonito ver as árvores nuas no
frio do Outono e o chão das ruas forrado por folhas de multicores, algo que não
se vê no Brasil e que para mim é mais que belo, significa câmbio, tempo de
mudança, de reflexão...
Mas o que mais me impressionou foi o pão: grande
e circular, com um aroma delicioso e feito no "pueblo", passávamos de
mão em mão, a pessoa tirava seu pedaço e passava para outro e assim
sucessivamente, com toda a beleza que tem o compartir o pão nos ligava, não
deixava que ninguém fosse excluído da conversa, das risadas do olhar. O pão ali
me remetia a tudo que compartilhei e recebi durante o período longe do Brasil.
E também de como aquele alimento fazia com que fossemos iguais, dividindo um dos momentos mais importantes e bonitos do ser humano: "O comer junto", seja no Brasil ou Segóvia, a mesa, o pão e o compartir não tem nacionalidade, raça ou credo!
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