segunda-feira, 29 de julho de 2013

“A única coisa que se deveria fazer era acomodar-se à situação tal como se apresentava. Mesmo quando fosse possível melhorar alguns pormenores – o que, porém, era uma louca ilusão – no melhor dos casos apenas se teria obtido algo que poderia valer para os futuros processos enquanto que o sujeito se teria prejudicado incalculavelmente ao chamar sobre si a especial atenção dos funcionários e despertar neles um rancoroso desejo de vingança. Não! Era preciso não chamar a atenção! Era preciso comportar-se com serenidade mesmo quando se estivesse a ponto de ficar louco. Era necessário procurar compreender que esse grande organismo de justiça era de certo modo eterno em suas flutuações, que se alguém pretendia mudar nele alguma coisa era como tirar-se ele próprio o solo de sob os seus pés e que ele mesmo é que se precipitava na queda enquanto que o grande organismo, vendo-se apenas muito ligeiramente afetado por isso, conseguiria facilmente uma peça de reposição (sempre dentro de seu mesmo sistema) e permaneceria imutável se não acontecia que – e isto era até o mais verossímil – se tornava ainda mais fechado, ainda mais atento a tudo quanto acontecia, ainda mais severo, ainda pior.”

(O processo, Franz Kafka)

segunda-feira, 8 de julho de 2013



No mês passado completei mais um ano de vida e esses momentos sempre nos levam a refletir (pelo menos comigo). 
Então resolvi fazer um balanço a partir de um Erick de 10 anos atrás (parti dessa data, por ser um período importante da minha vida) e percebi que muita coisa mudou: uso menos roupas (calma! só uma blusa por exemplo rs) gosto muito mais de ler, de ouvir música de todo canto (mas repito minhas preferidas sempre), ver e rever filmes, ir ao cinema sozinho ou acompanhado. Descobri também, que antigamente falava mais e sobre tudo, era um preconceituoso desmedido e só a "minha" verdade era verdade, bobo eu... 
Hoje prefiro o silêncio, mas continuo falando,quando me sinto à vontade e com quem posso compartilhar algo bom! 
Com o tempo, fui perdendo o medo, fiquei mais irônico, aprendi que as pessoas que mais falam são as que menos fazem, percebi também que os "grandes de verdade" admiram os pequenos, e que humildade não tem nada ver, com andar cabeça baixa; Que quem sempre foi servido, não entende o que é servir...
Me emocionei quando descobri que eu também posso escrever poesias, que tenho amigos espalhados pelo mundo, que me escrevem regularmente. Aprendi que o melhor do viajar é ter para onde voltar. 
Hoje entendo mais de política, vejo menos novela, tomo uma taça de vinho...
Hoje, percebo as pessoas pelo olho, e não me canso de conhecer gente nova. Acredito piamente que aqueles que defendem os animais, deveriam também ser mais gentis com o porteiro. Me canso de gente que só reclama, que só fofoca, que não se move e põe a culpa no outro. 
Hoje corro mais riscos, corro mais, risco muito mais, faço desenhos... 
Cozinho mais, me sentindo um grande chefe! vivo mais o ócio e não paro de pensar, de amar e de sonhar. 
Aprendi que é sempre bom planejar uma viagem, mas que melhor ainda é sair sem rumo.
Cada vez entendo menos de arte e de pessoas, mas continuo amando... percebi que gritar por uma sociedade mais justa me faria mais realizado.
Descobri também que amigos são diferentes de colegas, que um beijo nem sempre é paixão e que dinheiro não é tudo que precisamos. 
Que Deus é justo, mas a religião segrega...
Aprendi aqui, ensinei lá, descordei ali, mas sempre, sempre procurei saber.
Os parques, as ruas, os museus, os bares, igrejas, aviões, em todo esses lugares vi o novo e me vi...
Hoje não tenho muitas certezas, mas admiro algumas verdades e muitas pessoas. Aliás são essas pessoas, que me fazem ser eu, sou influenciado (e devo influenciar, sem pretensão) sinto saudades, leio e penso nelas, ouço música e a letra é sobre elas, compro um vinho e quero beber junto, são histórias, da minha história, são amigos de longe e de perto, amigos que creem ou sem esperanças, mas é com eles que vou completando anos, e sonhos...

Obrigado pelo seu carinho!